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Análise Carrefour – Anual 2024

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Semana passada eu ia fazer uma análise do Carrefour, para seguir a sequência do St. Marché.

Como a Petrobrás furou a fila (duas vezes), fiz agora.

Abaixo os DFs.

Uma coisa chama a atenção de bate pronto:

A receita cresceu muito de 2021 para 2024 (resultado de aquisição), porém o lucro caiu praticamente 43% no mesmo período.

“COMO É QUE PODE?”

Para responder, é importante separar a análise em partes.

1) O crescimento da receita líquida foi concentrado entre 2021 e 2022, quando foi finalizada a aquisição do Grupo BIG pelo Carrefour.

2) O CMV aumentou de forma quase proporcional. Teve uma perda de margem no período, o que indica queda na eficiência pós-aquisição.

Varejo de alimentos é um setor de margens baixas, então qualquer queda acaba sendo representativa.

Referência: a margem bruta do St. Marché é praticamente o dobro.

3) As despesas tiveram um crescimento alto, sem correção depois.

O aumento mais expressivo é entre 2021 e 2022.

Em 2023 as despesas continuaram subindo mais 21%, enquanto a ROL cresceu 6,8%.

Lembrando: despesas têm uma característica mais FIXA (ou deveriam).

Eu destaquei as despesas mais representativas e que tiveram aumento percentual acima de 25% entre 2022 e 2023.

Os custos com manutenção estabilizaram, o que pode indicar que a fase crítica de manutenção das lojas adquiridas passou.

Um ponto interessante: o crescimento das despesas do Carrefour desacelera e passa a ter queda depois de 2023 – justamente quando aumentaram os gastos com reestruturação.

Essa combinação de Margem Bruta baixa e aumento de despesas leva a uma margem operacional (EBIT ou EBITDA, se tirar Depreciação e Amortização) de 3,7% e 5,3%, respectivamente.

Em 2024 houve uma melhora, mas ainda é bem cedo para dizer se isso vai se sustentar.

“MAS O QUE ISSO TUDO QUER DIZER???”

Aparentemente, a sinergia que o Carrefour esperava ter com a compra do Grupo Big não foi tão expressiva.

Todos os indicadores de performance operacional caíram.

Um resumo das margens do Carrefour mostra o seguinte:

a) A Margem Bruta é baixa e precisaria melhorar para reduzir o Break Even.

b) As margens EBIT e EBITDA melhoraram, porém ainda longe de 2021.

c) O Resultado Financeiro ainda pesa, o que leva a uma margem líquida mínima.

d) Tudo isso leva a um ROE de 8,6%, bem longe dos 18,3% de 2021 – e bem abaixo do custo de capital.

“TÁ, MAS E O CAIXA?”

A empresa ainda está gerando caixa operacional, por dois motivos:

1) Ajustes de despesas sem efeito caixa (especialmente D&A).

2) Gestão de capital de giro ainda eficiente, apesar do ciclo de caixa ter piorado (maior pressão de fornecedores).

Em termos gerais, o Carrefour está gerando caixa, mesmo com os investimentos.

Por outro lado, o fluxo de financiamento mostra que a empresa está precisando de novas captações para ter recursos para as amortizações.

A captação líquida é positiva.

“PODE TRADUZIR?”

O Carrefour está se endividando – e a um custo mais alto (ok, essa segunda parte já era esperada).

Aqui tem dois pontos interessantes.

1) O Carrefour aumentou a concentração de dívida de curto prazo em 2022, e só nos últimos 2 anos tem voltado a alongar a dívida – isso é importante para não pressionar demais o caixa no CP.

2) Apesar do aumento do custo da dívida, ainda é praticamente metade do St. Marché.

Ainda que as empresas sejam diferentes e o St. Marché tenha um perfil de risco diferente (alavancagem e índices de liquidez), isso também mostra a diferença de possibilidades que empresas maiores têm de captação.

RESUMO DO CARREFOUR:

A empresa teve uma pequena recuperação em 2024, porém é cedo para saber se isso vai se sustentar.

A dívida está ficando mais cara e ainda é bem concentrada no curto prazo.

Os principais pontos de atenção, na minha opinião, são as margens operacionais.

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